Cookie - Meu melhor amigo para sempre

O Cookie foi meu maior amor, meu cãozinho maravilhoso, que me salvou tantas vezes da ansiedade e da depressão. Um pequinês preto com o peito e patinhas brancos, carinha de nenê… O ser mais afetuoso e carinhoso que eu já conheci.

  • O início de tudo

Durante toda a minha infância, tanto eu quanto a minha irmã sempre demonstramos uma paixão enorme por cachorros, mas nossa mãe não era muito fã. A única experiência que havíamos tido com um bichinho em nossa casa era o resgate de um pequeno vira-lata abandonado e com fome, que nós nomeamos Fio, ou Phil (afinal, quando encontramos ele, o pobrezinho se encontrava “por um fio de vida”). Ele ficou conosco por um breve período de tempo, sendo tratado de toda e qualquer doença, até meus pais decidirem que estava complicado manter ele conosco, em nosso antigo apartamento pequeno. Nossa empregada da época, Marinês, recebeu o Fio de braços abertos em sua casa, onde ele tinha mais espaço para viver feliz. Depois de muitos anos ficamos sabendo que ele cresceu para tornar-se um tanto brabo, o que é engraçado, pensando no minúsculo porte dele.

E então muita coisa mudou, notoriamente o nosso endereço. Em 2009 nos mudamos para um apartamento maior, e com isso surgiram ainda mais pedidos vindos de mim e da minha irmã: “vamos adotar um cãozinho!! vamos, por favoooor, nós queremos muito um cachorro!!”. Todo o apelo que crianças de 9 e 6 anos poderiam fazer. Nossos pais enrolavam com respostas incertas, lembrando do fato de minha mãe não gostar da ideia de um pet. Nossas esperanças já eram poucas, e ter um cachorrinho já parecia um sonho inalcançável.

Até que um certo dia, meu pai secretamente bolou um plano: amolecer o coração da minha mãe com o então recente filme Sempre ao Seu Lado, remake americano do filme japonês Hachiko Monogatari, estrelando o Richard Gere. A história é linda, e exemplifica o quão fiéis cachorros podem ser, então é lógico que minha mãe comoveu-se sobre a súplica das filhas. No mesmo dia, convencemos ela a ir em um canil conosco, e assim nós quatro visitamos o lugar.

Na época, a “moda” da raça pug estava a mil. Todo mundo só falava em pugs, cães de rosto amassado e rabinho de porco. Nós não éramos exceção, sonhávamos com um pug. Porém, quando chegamos no canil, nos deparamos com *ele*. Era como se a sala tivesse se iluminado com tamanha meiguice. Um bichinho pequeno, preto e muito peludo se apresentou para nós, pedindo nosso carinho e atenção. Parecia uma pantufa. Ele nos seguia muito tranquilamente, sendo constantemente empurrado ou pisado pelos outros cãezinhos que se agitavam em volta. Nos apaixonamos pelo amigo na hora, ele era simplesmente lindo. Decidimos pela adoção, e a moça que cuidava dos cães disse “cuidem bem dele, ele é o mais querido”. Não consigo evitar chorar me lembrando disso, porque, de fato, ele foi se tornando apenas mais querido com cada dia que se passava.

Nossa alegria era imensa, e quem nomeou o novo nenê da família foi justamente minha mãe… Ela disse que ele parecia um biscoito negresco, e sugeriu o nome Cookie. Nós adoramos, e assim o Cookie tornou-se parte das nossas vidas.

  • Cheio de manias

Sinto tanta saudade… todos os dias eu sinto falta dele dormindo comigo, é claro. Mas as memórias maravilhosas que me fazem sorrir me relembram dos hábitos e manias engraçados do Cookinho. Ele tinha suas próprias ideias e era muito dono de si. Tinha um pouco de alma de gato, se é que me entende. Cookie dormia muito, tirava suas sagradas sonequinhas diárias, e não gostava de ser interrompido. Ele era tão preguiçoso, que às 20h me chamava para irmos dormir. Isso me fazia rir tanto… 

Ele gostava muito de frutas, principalmente de bergamota! Não podia ver uma bergamota, que já enlouquecia e pulava pedindo um pedaço. Ele adorava salsichas também, e toda semana meu pai comprava salsichas só pra ele. Acho que a única coisa que ele não gostava era de banana. Todos nós sabíamos dos gostos dele, afinal, era sempre muito clara a alegria do nenê vendo uma boa comidinha.

Quando saíamos de casa ele sempre pedia para sair junto, e às vezes conquistava seu espaço em nossas voltas de carro pela cidade. O que ele mais queria era se sentir parte da “matilha”, se sentir incluído proporcionava a ele um brilho nos olhinhos. Ele amava quando estávamos todos reunidos na sala de estar! Quando estava todo mundo junto, ele se permitia relaxar completamente, numa plenitude invejável.

  • Todos estes anos…

Hoje eu reflito sobre como o Cookie tornou-se uma das minhas grandes prioridades. Ele esteve comigo durante períodos formativos da minha vida, sempre me acompanhando. Afinal, dos meus 9 anos de idade até os 20, ele viveu comigo e me trouxe sorrisos todos os dias. Durante todo esse tempo, ele me viu muito bem e muito mal, passando por momentos maravilhosos, e por dificuldades pesadas. Não tenho a menor dúvida de que o Cookinho salvou a minha vida algumas vezes. Inúmeras foram as vezes em que eu tive crises de choro, sofrendo pela ansiedade e pela depressão, abraçando ele para aliviar qualquer angústia. Todas as noites, Cookie dormia na minha cama, e me acordava nas manhãs com as patinhas. Ele gostava de dormir em cima dos meus pés, e quando se preocupava comigo, fazia questão de estar grudadinho do meu lado.

Eu cresci juntinho dele, tentando sempre fazer com que o pequeno se sentisse extremamente amado. Cuidamos dele com todo o carinho, e vivemos tantas aventuras! O Cookie era tão parceiro, que chegou a viajar conosco diversas vezes. Foi para Gramado, curtir um friozinho. Foi para Osório, visitar nossa querida avó. Foi para Balneário Camboriú, acompanhar nosso veraneio em família. Ele era tão especial, e todos amavam tanto o seu jeitinho calmo e delicado… Tenho certeza que nesses 10 anos, quase 11, de vida, ele sentiu todos os tipos de emoção, mas principalmente se sentiu pertencente à família que o amou e ama para sempre.

É por tudo isso que a despedida até hoje dói no meu coração. Sinto um aperto no peito vindo da saudade. Sinto falta de pegar ele no colo, sinto falta dos barulhinhos que ele fazia, sinto falta dele batendo com a patinha na porta do meu quarto. Saudade do rostinho feliz dele, do rabinho de espanador que balançava sempre que ele me via, saudade de ver aquela linguinha presa que sempre tornava ele ainda mais adorável. Já fazem 2 anos que ele se foi, e o amor dele continua mais vivo do que nunca dentro de mim. Gosto de pensar que ele mantém-se vivo através da minha personalidade. Eu aprendi com ele, aprendi a amar incondicionalmente. Aprendi a cuidar de quem eu amo, aprendi a ver as coisas de forma mais leve e com bom humor. Ele me ensinou a rir com as pequenas coisas da vida, e a enxergar alegria e gratidão todos os dias. Acho que ele ficaria muito orgulhoso de como eu tenho levado meus sentimentos e planos atualmente. Meu maior apoio psicológico em casa, muitas vezes foi ele, e por isso eu sempre vou agradecer. Eu tive e tenho a sorte de ter amado sem limites um animalzinho, a grande sorte de me sentir importante, querida, amada. O Cookie é o meu anjo, minha força, minha inspiração! Por isso, desejo levar para a minha vida e para o meu trabalho criativo a influência dele. Ele me mostrou que meiguice, delicadeza, gentileza e carinho são maneiras de ser forte em um mundo agressivo, e eu considero isso em meus valores e princípios mais importantes. 

Te amo, Cookie!

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